“Mas quem sofre sempre tem que procurar, pelo menos vir achar razão para viver” (TIM MAIA).
Nossas vidas são permeadas de sonhos, desejos e projeções. Mas muitas vezes nos vemos constrangidos pelas estatísticas para tomarmos caminhos diferentes daqueles idealizados e cogitados por nós.
Quando pensamos que estamos evoluindo em algum projeto ou direção, vemos estagnados ou perdidos na odisseia humana, como se estivéssemos novamente no marco zero. Agora trazendo conosco dores, traumas, frustrações e cicatrizes. E lá vamos nós a começar tudo novamente no balançar das marés, no girar do carrossel, tentando marear o barco da existência como se em nós houvesse tamanha habilidade, e poder para tal façanha.
Nossos pensamentos, sonhos, projetos e planejamentos parecem tão perfeitos, ao ponto de nos convencermos a repeti-los. Mas no decurso da existência as coisas parecem sair dos trilhos, nos causando muitas dores e desconfortos, quase que insuportáveis. São nossas expectativas sendo frustradas. Mas porquê? Seriam essas esperanças de realização e concretização dos sonhos e projetos, resultantes das percepções e experiências externas, do seio social em que somos gestados, inseridos, e assim queremos agentes ser espelhos? Aspirando replicar, vincular os moldes dos outros em nosso plano existencial! Ora! Esquecemos que somos seres únicos em todas as características, feridas com acuidade.
Como encontrar a essência, o sentido, a satisfação para o nosso ser! Como seria possível passarmos por esse plano lidando harmonicamente com a existência das dores, mas com grande jubilo e serenidade na alma? Podendo enfrentar todas as adversidades, dificuldades e obstáculos como bom animo, fé e ímpeto? Essa bussola que direciona ao rumo do farol, ao porto seguro, está dentro ou fora do ser? É possível encontrá-la? Sim, sim. Em quais das duas vias? Ou em ambas? Como viver sem sentido, perdido ao mar, rodeado de incertezas, inseguranças e temores dos trovões, raios e ventos das tempestades. Da escuridão da noite e das marés não mareadas.
Muitas pessoas se encontram ilhadas, rodeadas por esses e outros questionamentos existenciais. Outras apena gemem as dores da alma. E há aqueles que saem como tufão, extravasando suas agonias, aflições, desgostos e amarguras, num processo de autodestruição, e destruindo a tudo e a todos que estão à sua volta, ou os que cruzam seu caminho. Não condenando, culpando. Pois esse é o que apenas gostaria de se encontrar na odisseia da vida. Ser um protagonista de sua própria história. Sentir-se vivo e vivaz, vivenciando as mais belas e plenas emoções que a vida pode proporcionar, com sentimentos de prazer, realização e satisfação. A essência e fundamento de um existir pleno, o encontro do barco com a praia, da vida com felicidade humana ao longo da jornada existencial.
A sede, o vazio que leva à busca constante pela eliminação da dor e do sofrimento, e o encontro com a satisfação é algo interior que não se consegue suprir com as coisas materiais, externas. São questões da alma do ser vivente. E por serem de natureza não empíricas dependentes de uma conexão ou reconexão, religação com as origens, o criador. Buscar aquilo que vai além do sensível, do visível e palpável, daquilo que não se vê mais sente, sabe que existe e que faz a diferença, que completa, realiza, esmagadora, consola dar o alento. Como a oxigênio é para a vida, primordial e mais intensa que o alimento é para o corpo físico, assim é a conexão com a força criadora para a vida.
A superação da dor existencial passa por esse caminho de conhecimento das necessidades: físicas e incorpóreas; materiais e espirituais. E que, há de se compreender pela filosofia, a medicina psíquica, as ciências sociais e o desenvolvimento humano, a religião e as experiências do ser, que a vida é um fruto que desce e encontra pela criação e design de alguém superior, maior do que todo o entendimento humano pode compreender. E por tanto há de se buscar esse equilíbrio entre o sacro e o físico, entre os sentidos e a razão. Pois viver é uma epopeia. E o melhor lucro e prazer na existência dependerá desse equilíbrio, da conexão sacro-sensível. Assim terá uma história de vida mais prazerosa e satisfatória, com menos dor, desconforto e sofrimento.
Com carinho,
O viajante !

