"Porque o meu sonho era ser um viajante" !
Em uma dessas fascinantes andanças pelo Brasil, desbravando novos territórios, buscando desvendar o desconhecido, encontrando o que não se imagina, somos observados com aquilo que mais amamos, histórias de vida. Não tínhamos ideia de que ocorreria assim de maneira inesperada e de forma inusitada. Porém muito impactante, definitivamente uma história marcante.
Tudo começa com uma viagem de 1000 Km a um destino já conhecido, do Oeste ao Norte da Bahia. Mas com a decisão de fazer o trajeto por uma Rota ainda inexplorada pelo VIAJANTE. Uma vez que a paixão deste viajante é energizada por montanhas, chapadas, lugares com temperatura amena, bem arejado e alto, que possibilite uma contemplação privilegiada. Mas desta vez as energias nos atraíram para um novo destino, o semiárido das margens do São Francisco, na cidade de Xique-Xique - Bahia. Lugar em que dois personagens com histórias e sonhos semelhantes se cruzam como as águas dos rios, Preto e Grande para se unirem, fortalecerem, aumentarem o volume, e unidos ao São Francisco, chegarem ao seu fadário. Matar a sede da terra, do homem, dos animais, irrigar a plantação para saciar a fome dos viventes, transportar, pessoas, mercadorias, sonhos e encantos. Um incansável condutor de esperança, vida e realização, até cumprir seu destino, desembocar no mar e alcançar mundos inimagináveis. No Nosso caso, a vivência deste VIAJANTE com a narrativa de fragmentos da vida de seu Vitor, se juntam e fortalecem para chegar até você e cumprir o propósito do DESPERTAR dentro de seu caro leitor, os teus sonhos e desejos mais latentes, trazendo a possibilidade à realização de uma VIDA VIVA .
Era sábado, passando do meio dia e o combustível do carro estava na reserva, quando entrei no trevo que dá destino a Sento Sé, Central, Barra e entra para a cidade de Xique-Xique. Resolvi entrar na cidade e procurar um Posto para abastecer. Encontrei-o, abasteci e fui rumo ao centro da cidade em busca de um restaurante para abastecer o físico. Uma churrasqueira e uma placa com um bode me chamaram atenção. Resolvi parar e ir até aquele local. Ao entrar tinham algumas pessoas em uma mesa na calçada, dentre elas um senhor de mais idade com uma camisa chamativa, estampada de figuras alusivas a vaquejada. Entrei para almoçar, naquele dia colocari comida além do habitual, imaginei que não comeria tudo, mas ao terminar Pense: Eita ! para o Shurek só faltou o feium. De repente aquele senhor que estava na entrada aproximada e pergunta se pode retirar os pratos.
Convido-o a sentar para perguntar-lhe sobre a estrada vicinal que liga aquela cidade a Sento Sé - BA. Vejam como o destino, as energias se conectam sem que percebamos ou tenhamos a menor ideia de como acontecerá a manifestação de tal existência. Pergunto sobre o que ele sabe da estrada, o estado de conservação, a distância, povoamentos. Mas ele desconhece. Então perguntas se ele não é morador nativo, ele diz que tem apenas quatro meses que reside na cidade, que é natural do Recife-PE, está na cidade por ter parentes, e está convalescido da saúde. Justifica minhas indagações por ser eu um viajante, e ele mostra os dois braços arrepiados.
- Olha como fiquei quando você me falou que é um VIAJANTE!
Pergunta: por quê?
- Porque o meu sonho era ser um viajante.
- O senhor gosta?
-É a minha vida! Porém nunca consigo viajar!
Ai comecei a conversar sobre o desejo e o impedimento que houve para não realizar. Ele respondeu contando que a paixão começou com as histórias que seu pai, que era engenheiro, narrava sobre suas viagens. Outro momento que alimentou muito esse sonho foi durante seu período como acadêmico de Direito. Na universidade os colegas compartilharam suas histórias de viagens pela França, Inglaterra e EUA. Ele se manifesta com o pensamento de que viajar é dar plasticidade ao cérebro. “Uma pessoa que viaja passa a conhecer e pertence a outros mundos dentro do universo, ao retornar não é mais a mesma pessoa, mas um ser muito mais vívido, experienciado e renovado”. Pergunto se ele conclui a graduação e ele responde que trancou no meio do curso. Pergunta por que não foi concluída. Ele respondeu que houve problemas. E continua dizendo que a vida é composta de fases, nada é permanente, tudo é transitório, muda o tempo tudo não tendo nós, controle nem previsão alguma sobre os acontecimentos, nem mesmo sobre o que nos ocorrerá nos próximos segundos. Porém devemos estar de pé, felizes e encorajados a aceitar, e adequar-se a maneira como enfrentamos a situação, e enfrentar tudo o que nos for colocado ou retirado na vida, assim como acontece nas estações lunares. Ter amor ao fadário, consonante com o pensador e filósofo Friedrich Nietzsche:” quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas. Amor-Fati (amor ao destino) seja este, doravante, o meu amor! Sim! E sua paixão por viajar por que não se transformou em realidade? Ele novamente mostra os dois braços arrepiados e passa a mão no rosto. Argumenta que não conseguirá dar sequência na conversa por ter aflorado suas lembranças e emoções.
Sonhar é o reflexo da alma, mas às vezes não conseguimos sacia-la, embora devamos nos empenhar para que os nossos sentimentos, que refletem a essência do nosso espírito, possam se manifestar. E para que isso aconteça é necessário abdicar, priorizar, seguir ao pulso da chama interior. Porém cabe a cada ser humano decidir, consciente ou não, se vai dar asas ao desejo ardente, considerando que existem casos que dificultam muito essa ação. Sendo que o resultado terá sido em duas situações: realizado ou frustrado, feliz e satisfeito, ou vitimado por uma tristeza profunda, sem nem mesmo saber o que lhe traz tanto desconforto.
Vida Viva, é ao que você deseja!
com carinho
O Viajante!

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